Andei pelas ruas do Fundinho (bairro tradicional de Uberlândia) e notei as poucas edificações antigas que não estão escapando do progresso. São demolidas ou são transformadas em galerias, restaurantes, boutiques caras. Para satisfazer o consumismo, as pessoas esquecem a real beleza da história.
Construções como a da Casa de Cultura, da Escola Estadual de Uberlândia e da Oficina Cultural são engolidas por altos e modernos prédios. Entretanto existe uma casa que muito me chamou a atenção desde a primeira vez que a vi.
Com seu muro baixinho, com uma grade charmosa, dois andares, a cor branca envelhecida com pilastras cinzas dando um tom sério e de respeito. Portas de madeira com detalhes sofisticados, arquitetura e requinte que não se vê mais ultimamente.
Mas o que mais me despertou interesse foi poder observar a casa como um todo, sem muros, arames, cachorros, blindex ou alarmes. Ela estava ali, se mostrando pra mim. Seus anos bem vividos, e uma conservação de dar inveja a qualquer atriz global.
Sem vergonhas, olhei de ladinho e vi um cenário montado para um lindo encontro de amor, um banquinho de madeira, rodeado de um jardim impecável. Então parei pra imaginar como seriam os namoros que aconteciam naquele banco. Um casal jovem, recém-casado, olhando o por-do-sol, afinal não existia o enorme Residencial Rocha e Silva para destruir tão belo espetáculo. Suspiros, poesias e uma flor roubada do jardim.
Ao imaginar esse retorno no tempo, pude entender com clareza o que André Azevedo quis dizer com o seu livro “Cotidianos Culturais e outras histórias”. Ele falava de construções de Uberaba que eu passava todos os dias e nem notava, afinal comércio e edifícios consumiam a minha vista e acabavam por cegar minhas percepções, me fazendo perder a essência e a bela história escondida atrás do concreto.
Eu quis ser dona daquela casa, somente para poder assegurar que ela sempre estará lá. Para que ela possa flertar com outros desligados que ali passam, tal qual ela fez comigo. E quando eu crescer, quero ter uma casa quem nem aquela, sem pudores traduzidos em muros e medos aparentemente protegidos por alarmes. Livre e bela que nem ela é.
6 comentários:
Mto legal... salve salve o bucolismo... deu vontade de entrar e tomar um cfe na xicara de porcelana e bate um papo...
bater um papo nao.. TER UM DEDIM DE PROSA..hahuauahua
Nossa eu sou apaixonado por essa casa, toda a vez q o busão passa eu fico olhando. Eu pensei até q tivesse abandonada, mas uma vez, vi um carrão entrando na casa. Hihihihih, que bom que o morador preservou a beleza dela.
Kaká, uma casinha assim é o desejo de muitas pessoas... A verdade é q esta 'liberdade' não temos mais como antes e sem querer te deixar triste, mas já sendo realista (rsrs) é que vc já cresceu e soube expresar e representar exatamente todo o sentimento de uma mineira nata!!!!!
te amo mocinha... ta d parabéns!!!
eu também quero uma casinha assim *-*
de muros baixos, com banquinho de madeira perfeito pra um clima de romance rsrs' adorei Karen :]
Belas palavras.Mas, provalvemente daqui mais uns 30 anos alguma universitária vai olhar pro edifício Rocha e escrever coisas parecidas. A essência pode receber vários rebocos.
Continue inspirada assim.
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