Emanoel Reis
Em Macapá, costuma-se chamar Jornalismo a opinião meia-sola ou unilateral em favor ou desfavor de alguém. Isso é comum nos programas matinais de rádio. Muda-se de emissora mas o besteirol é o mesmo. É gente dando opinião sobre tudo. Metendo o bedelho em qualquer angu. Tem até rodada de "entendidos" avaliando governos, desempenho de secretários, julgando ou condenando como verdadeiros inquisidores. E são chamados de "jornalistas".
Isso lembra a história do repórter fotográfico Jorge Nascimento, que trabalhou com o finado Silas Assis, pai do Silas JR, no Jornal Popular. Começo dos anos 1990. Certa vez, na redação do JP, ele contou que tinha tentado abrir um crediário numa das lojas Y.Yamada e não fora bem-sucedido "porque o salário que ganhava no jornal do 'Silão' não dava nem para comprar a palheta do ventilador".
O editor-chefe era o Paulo Carvalho. Outro fantasma que nem o Silas Assis. Carvalho ficou interessado na história do "Paquinha", apelido do JN. E o "Paquinha", gaiato como só ele, ao perceber o interesse do "Velho Paulo", se esmerou nos detalhes sórdidos.
- ...
- Quando chegou a minha vez, a atendente perguntou:
- Nome!...
- JORGE NASCIMENTO - respondi, bem alto.
- Profissão!
- JORNALISSSSTA!
- Trabalha onde?
- Jornal Popular...
- Como é? Não ouvi direito! Trabalha onde?
- Jornal Popular!... Mas, por favor, fale baixo...
Todos riram, menos o "seu" Silas que ouviu o fim da história do "Paquinha" no momento em que entrava na redação. Não gostou, mas engoliu. Fez igual ao Bill Clinton: fumou, mas não tragou.
Em Macapá, é desse jeito. Se alguém pergunta: Profissão? Logo o outro responde, ufanado de si: "JORNALISSSSSTA. O cara pode até exercer outra atividade profissional, ser professor, sociólogo, advogado, radialista, padre, pastor evangélico, mas a grande masturbação do momento no meio do mundo é ser chamado de JORNALISSSSSSTA. E os bajuladores e perebas de plantão fazem questão de taxar o sujeito de jornalista prá cá, jornalista prá lá. É asqueroso.
Tem neguinho que atua como colaborador nos periódicos locais com carteirinha (como diz o Luiz Melo) da FENAJ expedida pelo SINDJOR-AP. Nunca fez sequer uma hora de qualquer curso de Comunicação Social em qualquer universidade federal.
- Prá quê, rapá?... É tempo de serviço... Direito adquirido...
- Ahãããããã....
Só porque no passado remoto escreveu umas croniquetas, fez uma ou outra matéria para algum "de-vez-enquandário" acha-se no direito de ser JORNALISSSSSTA. E por tempo de serviço... Direito adquirido...
- Que tempo, meu? Que direito?
- Êêêêê.... rapá! É tempo... é direito... Tu não sabia, não?
- Qualé... Tu acha isso bonito?
Outra coisa interessante em Macapá é essa: qualquer um com dinheiro suficiente na conta bancária pode ter programa de rádio. E tem de tudo nas emissoras: desembargador, dono de empresa de vigilância privada, engenheiro, médico, advogado, economista... Político, então, nem se fala. É bicho besta. Dá no meio da canela.
Mas, essas aberrações cometidas contra o JORNALISMO ainda são suportáveis, embora não palatáveis. O pior de todas é quando o JORNALISMO vira instrumento de grupelhos para mascarar a informação com o intuito de prejudicar toda uma sociedade. Lamentável é quando fazem jornais, criam programas de rádio ou montam blogs/sites somente para deturpar, dissimular, ludibriar a opinião pública. E hoje, mais do que em tempos antanhos, maquiar a mentira para vendê-la como verdade garante lucros altíssimos. Por isso, é que muitos entraram nessa jogada com duas vertentes: SER JORNALISTA PICARETA ou SER JORNALISTA E PICARETA.
Em Macapá, costuma-se chamar Jornalismo a opinião meia-sola ou unilateral em favor ou desfavor de alguém. Isso é comum nos programas matinais de rádio. Muda-se de emissora mas o besteirol é o mesmo. É gente dando opinião sobre tudo. Metendo o bedelho em qualquer angu. Tem até rodada de "entendidos" avaliando governos, desempenho de secretários, julgando ou condenando como verdadeiros inquisidores. E são chamados de "jornalistas".
Isso lembra a história do repórter fotográfico Jorge Nascimento, que trabalhou com o finado Silas Assis, pai do Silas JR, no Jornal Popular. Começo dos anos 1990. Certa vez, na redação do JP, ele contou que tinha tentado abrir um crediário numa das lojas Y.Yamada e não fora bem-sucedido "porque o salário que ganhava no jornal do 'Silão' não dava nem para comprar a palheta do ventilador".
O editor-chefe era o Paulo Carvalho. Outro fantasma que nem o Silas Assis. Carvalho ficou interessado na história do "Paquinha", apelido do JN. E o "Paquinha", gaiato como só ele, ao perceber o interesse do "Velho Paulo", se esmerou nos detalhes sórdidos.
- ...
- Quando chegou a minha vez, a atendente perguntou:
- Nome!...
- JORGE NASCIMENTO - respondi, bem alto.
- Profissão!
- JORNALISSSSTA!
- Trabalha onde?
- Jornal Popular...
- Como é? Não ouvi direito! Trabalha onde?
- Jornal Popular!... Mas, por favor, fale baixo...
Todos riram, menos o "seu" Silas que ouviu o fim da história do "Paquinha" no momento em que entrava na redação. Não gostou, mas engoliu. Fez igual ao Bill Clinton: fumou, mas não tragou.
Em Macapá, é desse jeito. Se alguém pergunta: Profissão? Logo o outro responde, ufanado de si: "JORNALISSSSSTA. O cara pode até exercer outra atividade profissional, ser professor, sociólogo, advogado, radialista, padre, pastor evangélico, mas a grande masturbação do momento no meio do mundo é ser chamado de JORNALISSSSSSTA. E os bajuladores e perebas de plantão fazem questão de taxar o sujeito de jornalista prá cá, jornalista prá lá. É asqueroso.
Tem neguinho que atua como colaborador nos periódicos locais com carteirinha (como diz o Luiz Melo) da FENAJ expedida pelo SINDJOR-AP. Nunca fez sequer uma hora de qualquer curso de Comunicação Social em qualquer universidade federal.
- Prá quê, rapá?... É tempo de serviço... Direito adquirido...
- Ahãããããã....
Só porque no passado remoto escreveu umas croniquetas, fez uma ou outra matéria para algum "de-vez-enquandário" acha-se no direito de ser JORNALISSSSSTA. E por tempo de serviço... Direito adquirido...
- Que tempo, meu? Que direito?
- Êêêêê.... rapá! É tempo... é direito... Tu não sabia, não?
- Qualé... Tu acha isso bonito?
Outra coisa interessante em Macapá é essa: qualquer um com dinheiro suficiente na conta bancária pode ter programa de rádio. E tem de tudo nas emissoras: desembargador, dono de empresa de vigilância privada, engenheiro, médico, advogado, economista... Político, então, nem se fala. É bicho besta. Dá no meio da canela.
Mas, essas aberrações cometidas contra o JORNALISMO ainda são suportáveis, embora não palatáveis. O pior de todas é quando o JORNALISMO vira instrumento de grupelhos para mascarar a informação com o intuito de prejudicar toda uma sociedade. Lamentável é quando fazem jornais, criam programas de rádio ou montam blogs/sites somente para deturpar, dissimular, ludibriar a opinião pública. E hoje, mais do que em tempos antanhos, maquiar a mentira para vendê-la como verdade garante lucros altíssimos. Por isso, é que muitos entraram nessa jogada com duas vertentes: SER JORNALISTA PICARETA ou SER JORNALISTA E PICARETA.
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