RELATOS DE UMA REALISTA

(baseado em fatos reais, mas adaptados)*

Karen Cardoso

Eu não entendo como as pessoas me chamam de pessimista, ou de rude, eu nem sou. O que acontece é que eu não suporto certos por menores, perguntas e atitudes idiotas. Eu tenho o dom de atrair garotos PhD em imbecilidade. Já pensei em tomar banho de sal grosso e também me benzer com aquelas ervas que as pessoas batem no nosso corpo, mas vi que não ia me levar a nada, apenas mandingas bobas que me deixariam com a pele esfoliada e cheia de marcas parecendo que eu levei chicotadas.

Então para que entendam o porquê de estar falando isso, vou dar exemplos de momentos totalmente estressantes, que eu tenho que ser uma lady e fingir que sou fina. Primeiro, se quer ficar comigo, nunca me chame para ir ao cinema, pois cinema para mim é para ver o filme e não ficar de agarros. É incrível como toda vez que um garoto ta afim de mim ele me leva pra assistir um filme legal, claro que eu vou dar mais atenção pra película e assim o menino perde a chance dele, caiu no conceito.

Segundo momento, quando o garoto chega para mim e pergunta: “Você está com frio?”, e eu te pergunto: “Pra que perguntar isso?”, se quer me abraçar, é só abraçar, mas não fica perguntando não, pois é a brecha pra eu dizer: “Se eu tivesse eu tava com blusa de frio. Eu estou com muito calor, dá pra chegar um pouquinho pra la?”. Não, mais uma vez eu digo, eu não sou rude, apenas realista, vocês agüentariam isso? Claro que não.

Ainda no viés do cineminha, um garoto chegou pra mim e disse: “Deita aqui pra você ficar mais confortável”. Nessa hora eu apenas dei um sorrisinho e deitei por 5 segundos para não ser deselegante, mas na minha mente ultra perversinha surgiu o seguinte pensamento: “Se eu quisesse ficar deitada eu tinha ficado em casa, confortável na minha cama e não nessa cadeira dura e um ombro de um garoto sem noção”. Não dá gente, sinceramente não dá pra ser legal com pessoas assim.

Finalizada a sessão pipoca, mas não o meu dedo podre para moçoilos sem noção. Um abençoado diz que vem me visitar na minha casa e vem de ônibus (pra mim isso foi golpe, pelo menos prefiro acreditar que foi para não achá-lo tão burro), a partir de um horário para de rodar os coletivos, então o menino teve q dormir aqui em casa, estávamos ficando e o menino me solta duas pérolas uma atrás da outra. A primeira sobre as minhas fantasias (sexuais, claro!), o que ele tem a ver com elas? Nada, mas curioso tomou toco, não resisti. “Adoro a de bruxa, acho mais a minha cara, sempre visto nas festas a fantasia”. Ele achou que eu era inocente e deixei por isso mesmo, até porque a segunda dele foi ainda pior. Estávamos ficando e no meio do clímax o menino fala: “Eu to com tesão, você ta sentindo?”. Fica meio difícil não sentir a animação de um homem né? Me fiz de besta e ele foi ao banheiro, acho q frustrei o coitadinho, mas a vida é assim mesmo.

Enfim, só pra fechar com chave de ouro esses exemplos que eu dei (que fique bem claro que são só alguns, poderia ficar dias aqui contando mais, mas cansaria), eu me relacionei, pra não dizer apenas dei um pegas senão vai ficar pejorativo e eu sou uma mocinha, com um garoto que eu apelidei de “babaloo”. Oh mocinho preguento, porém essa não é a pior parte. O bichinho era estudante de odontologia e eu tentando interagir com ele, fiquei escutando os papos de dentista. Estava tudo indo bem até que ele começa a falar sobre tártaro e conta que ele tinha e que também lhe faltava um dente. Eu dei “tchau e bença” pra ele. Para tudo, ele falar sobre problemas bucais já era nojento, era só a gente focava na parte sexy que poderia ser ter um dentista exclusivo, mas ele falar que ele tinha? Eu tava beijando ele gente, que nojo. Não, não deu mesmo.

Depois desses relatos, você acha mesmo que eu sou pessimista ou rude? Se sim é porque você encararia o tártaro na boca alheia numa boa né? Poxa vai num psicólogo meu bem que isso é carência múltipla e pode ter cura.

Conselho final: Garotos sejam diretos, entretanto sem ser grotescos. Mulheres gostam de delicadeza e gentileza, mas não de imbecilidade. Fique esperto!

*Esse texto não é uma miniautobiografia. Aconteceu com uma amiga minha. Não eu não to querendo jogar pra cima de uma amiga, é verdade verdadeira que aconteceu foi com ela e não comigo. Eu apenas escrevi na primeira pessoa e inventei algumas partes, ou melhor rebusquei, pois seria mais interessante. Apesar que não to muito longe de ter esse dedo podre, mas não fui eu.