Um caso qualquer!

Não era pra ter envolvimento e os dois sabiam disso. Começou como uma brincadeira, um desafio de duas pessoas que não tinham nada a perder. Ela tinha outro, que não era seu por completo, mas a adorava. Ele não se importava com nada.

Eles trocavam carícias perto de todos de uma maneira tão sutil que ninguém percebia. E diziam tudo em código que somente eles decifravam. Era um jogo, apenas um jogo de interesse mútuo e ao mesmo tempo não tinha interesse algum.

Foram deixando um por um em casa e mais uma vez nenhum deles percebia que a garota ficava por último, sendo que no trajeto certo, ela seria a primeira a ser largada. E pra que eles notariam isso? Estavam bêbados e risonhos demais para sequer lembrar de seus erros, quem dirá o dos outros.

Ela puxava os longos cabelos dele com tanta vontade e ele segurava o volante para não perder o controle da direção e acabar batendo em algum lugar. E ela se divertia com tudo aquilo. Provocava, dizia obscenidades, pedia bis na música que era ruim. E onde estava a caixinha de camisa de Vênus?

Todos estavam em casa, dormindo porres há essa hora. E eles, considerados íntimos, quase da mesma família, se amavam... Amavam? Não eles não se amavam. Aqui não tinha nenhum sentimento a não ser a excitação que os dois compraram na esquina. No fim vestiram a roupa e sem ao menos um beijo de despedida foram pra casa.

O que restou durante os meses que passaram foram as lembranças que a atormentaram, não que fossem ruins, mas eram tão boas que ela não as queria ter. Conversas no msn, pelo telefone, mensagens subliminares que a fazia querer mais.

Encontraram-se novamente e o mesmo ardor que tinham da primeira vez surgiu como se eles tivessem alguma química. Entretanto algo no meio de tudo atrapalhou, era outra na vida dele e ela só podia sentir ciúme calada. Mais uma vez se foram sem dizer uma só palavra.

Tudo tava misturado na vida dela. Sabia que não sentia amor, paixão, e sim uma possessão e um ciúme grande. Ele debochava dela por isso, sem contar que jogava-lhe na cara os romances de outrora e os que aconteciam durante o tempo q não se viam. Ela só queria afogar a outra, mas não precisou de muito para que o romance a distancia dele terminasse.

E eles voltaram a se encontrar, e dessa vez passaram algumas horas a devanear, sobre duendes e doentes. Dois corpos nus, a lua e a imunologia. Uma mistura nada perfeita, entretanto só eles sabiam o que era interessante naquele momento. Palavras, gestos e gemidos. A noite se findou e como de tantas outras vezes eles se foram sem comentar o que acontecia.

E ela esperava o dia que eles se encontrariam. Ele apenas curtia, nada mais. Ela fantasiava, e ele ignorava. Ela se envolvia e ele se esquivava. Até que um dia ele inventou uma desculpa e ela apenas acreditou, não por não saber a verdade, mas por não querer pensar na verdade. E ele seguiu sua vida.

Ela continua pensando, confundindo e desejando. Continua não sendo amor, continua sendo desejo, dos mais fortes. Daqueles de arrancar a roupa com o olhar e sentir a barba farta dele roçar o corpo dela. As mãos da mulher q coçam por puxar os cabelos dele tão fartos.

E ele? Onde ele fica? Distante, incapaz de enxergar que não existe sentimento e sim um corpo sedento do dele sem qualquer obrigação e cobrança. Mas o fim é sempre o mesmo, ir pra casa sem uma palavra e sem qualquer envolvimento. Simplesmente um caso qualquer!