terça-feira, 30 de agosto de 2011

Conhecer e Reconhecer!

Música: Tudo no Olhar - Marcos e Belutti


Reconhecimento. Ela aprendeu essa palavra no sentido prático, afinal eles já se conheciam, mas não se lembravam, então era como conhecer de novo. É engraçado ouvir histórias da infância, em que tiveram em comum, entretanto apagaram um ao outro da memória. Parece que foi proposital, que se ofenderam algum dia e decidiram não mais saber um do outro. E se foi isso e não se recordam? Se for, o destino arrumou um jeito de fazê-los se reconciliarem de alguma forma.

Coisas acontecem despretensiosamente, ela recebe um convite de um amigo, ele está sempre na casa de Rodrigo. Encontro que monta uma nova história. E depois dizem que a cerveja não une corações, ou pelo menos corpos e mentes (insanas, mas pensantes e pulsantes). Se não fosse esse elixir dos deuses (exaltar a cevada nessa história parece essencial) eles nem saberiam que um dia moraram na mesma rua e até mesmo nem se tocariam.

Não que resistir a ele era uma coisa difícil, naquele momento seria até razoavelmente aceitável, afinal sua atenção estava voltada para outro e ele empolgado porque uma tal elogiara seu cabelo. A atração foi inevitável, primeiro pelos assuntos, depois pelas lembranças borradas e no fim pelo desejo incontrolável de se beijarem.

“Naquela altura do campeonato”, não se tinha certeza quem era quem. Nos braços um do outro pareciam tão intimamente amigos, anos de convivência, conhecimento ínfimo da vida alheia. O colchão incomodava, não era próprio, mas o que de fato era próprio naquele instante? Nada era necessário além das carícias, das ideias trocadas e do calor, aquele calor que queimava sem qualquer fogo por perto.

Era inevitável que aquele momento acabasse, por mais que o desejo de ambos fosse que o tempo desse um jeitinho de parar, congelar todos do lado de fora e que somente o toque de seus corpos fossem o movimento permitido. Entretanto foi impossível. Acabou, fim da noite, hora de partir.

Se foram, depois de uma noite memorável, mas não é pra acabar assim e não vai acabar assim. Afinal a tecnologia está ai para unir as pessoas. Mesmo em cidades diferentes (não se fez necessária essa lembrança naquele momento), eles se gostavam, de alguma maneira estavam curtindo tudo aquilo. Se é verdadeiro? Os dois céticos custam a acreditar, mas a proximidade (mesmo longe) os prova que é real e se querem.

Todos os dias eles se falam, todos os dias eles sentem falta. Riem, se preocupam, compartilham momentos, e fazem ciúmes. O fim da história ninguém sabe ainda, mas não custa nada acompanhar. Ela suspira daqui enquanto ele se mostra interessado de lá. E assim vão se gostando até poderem se ter ou que se tornem apenas amigos.

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